Quem Sois?


Quando no antigo retrato

A imagem não mais se reconhece

Nem espelha o que agora de fato

A viagem dos dias tão claro transparece

 

Quando o tempo demonstra sua passagem

Nos cabelos mais brancos, rugas no rosto

No andar mais lento, “pressa é bobagem!”,

Não escondendo o que se torna exposto

 

Quando conhecidos que ficaram distantes

Reencontrados perguntam: quem sois?

E um filme passa em instantes

Pra resposta que chega depois.

 

Sou o mesmo ou tão mudado

Pela vida, no seu vai e vem,

Que só quem tem de perto me acompanhado

Estes, sim, como igual me reconhecem?

 

Estranho como o tempo sacode

O que se pensava ou no peito sentia

Mudando o sentimento de realidade

Que vai deixando de lado sua fantasia.

 

Sai de cena o TER e renasce do SER a utopia

De vencer vícios antigos, submeter a vontade

Com força, mas sem perder beleza e sabedoria

Pra, melhorando-se, tornar feliz a humanidade.


Até uma pedra bruta, mais rígida, mergulhada no rio do tempo, se torna lisa, polida. Todas as formas sofrem essa metamorfose.

Mas a mudança interna, essa não depende exclusivamente do tempo, mas sim, muito mais, da vontade de mudar.

O que o tempo pode fazer é nos ensinar que a única coisa que não muda é que haverá mudança.

Por Humberto Nascimento 23 de novembro de 2024
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