Ceia de Natal



Era noite da Ceia de Natal

Dia da alegria invadir corações abertos.

Então, por que daquele choro afinal?

Meu pai chorou, com seus motivos, por certo.


Estávamos à mesa, todos conversando

Quase todos, se mais atento, eu diria

Porque a saudade dele, extravasando

Nos lembrou que restava uma cadeira vazia.


Não é que ninguém tivesse esquecido

A partida da mãe, da sogra, d' avó

Mas talvez um pouco despercebidos

De lembrar quanto meu pai se sentia tão só


As lágrimas vieram em palavras marcadas:

"Que ainda faço aqui, qual a razão?"

Difícil encontrar respostas certas ou erradas

Pra dor de quem vive uma separação.


Hoje a história repete seus atos

Com novos personagens em cena.

A mesma pergunta, mudam-se os fatos

A escancarar um motivo que, se falta, apequena.


Agora sou eu quem procura saber

E pergunto  o por quê, o motivo enfim

Será esse o ciclo do viver?

Hoje, lembro dele. Amanhã, lembrarão de mim.

“A saudade dele extravasando, nos lembrou que restava uma cadeira vazia.”

Por Humberto Nascimento 23 de novembro de 2024
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